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sexta-feira, 31 de maio de 2019

#Entrevista com o autor Erivelto de Sousa

Erivelto de Sousa é escritor e também jornalista, além de professor, marqueteiro e cientista político, o qual por 20 anos trabalhou em redações de jornais convencionais, em diversas funções de repórter a diretor de redação. Agora lança seu primeiro livro, uma ficção fantástica que mescla conteúdo sobrenatural a histórico. (Clicar AQUI para ler a resenha.)

O autor cedeu uma entrevista para o Contos Sobrenaturais em parceria com o Portal Tabula Rasa.


CONTOS SOBRENATURAIS: Como surgiu a ideia para o livro?

ERIVELTO DE SOUSA: A ideia do livro surgiu quando senti minha cabeça fervilhar com as histórias de assombração que minha mãe contava quando eu ainda era um menino. Ela falava, por exemplo, de uma velha feiticeira que se enforcara em um imenso pé de cajueiro que ficava na beira da estrada. Desde então, o local se tornara assombrado e poucas eram as pessoas que se arriscavam a passar por aquele local depois que escurecia. Nunca esqueci aquelas histórias e, com o tempo, escrevi algumas delas e comecei a gostar. A partir desse exercício bolei um roteiro, que se transformou no livro que agora publico.

CS: Por que escolheu uma história de conteúdo sobrenatural?

EdS: O breve conteúdo sobrenatural da história deriva exatamente dessa brecha na minha formação. Com o tempo, tomei gosto por histórias sobrenaturais, místicas – não o terror explícito dos filmes. Li muito sobre espiritismo e cheguei mesmo a visitar alguns centros espíritas. Sempre me seduziu o estudo sobre a percepção extra-sensorial, expressão, como você sabe, muito utilizada na Parapsicologia, também denominada de capacidade “psi”.  Aí não teve jeito. Saiu, assim, o lado “feiticeiro” da história.

CS: A história é ficcional, mas tem referência a lugares reais. Como fez a escolha dos lugares, fez algum tipo de pesquisa?

EdS: Sim, a história é ficcional, mas carregas claras referência a lugares reais. A história se desenvolve em um lugar fictício, mas que está incluso no território cearense e na cronologia da história do Ceará. Desse modo, a vida dos nossos personagens perpassa fatos que ocorreram no Brasil, como, por exemplo, a peste da varíola e a consequente revolta da vacina no Rio de Janeiro do início do século XX, as secas do XV e de XXXII no Ceará. Claro que pesquisei tais períodos.

CS: Seu anos como repórter influenciou o trabalho de autor?

EdS: Claro que meus anos de repórter me influenciaram. Fui – e ainda sou – um repórter dedicado a narração dos fatos e a uma alegre composição do texto. Buscava sempre histórias que envolviam algum mistério, principalmente quando me enfiei no jornalismo policial. Depois, na reportagem política, cai para a linha investigativa, que também tem seu lado sobrenatural.

CS: Lançou 'O Fantasma do Padre' recentemente, mas tem algum projeto futuro para novos livros?

EdS: Sempre me envolvi com o ofício de escrever, seja como jornalista, seja como redator da área de propaganda e marketing. O Fantasma do Padre surgiu há alguns anos. Reescrevi três vezes. Na primeira, não gostei, na segunda, achei um pouco melhor e na terceira, nos últimos dois anos, decidi publicar, ainda não muito convencido de que estaria pronto. Vi uma vez em um “talk show” alguém falando sobre livros e dizendo que o autor deveria ter coragem de publica sua história, mesmo que tivesse dúvidas. Foi mais ou menos isso. Publiquei, e agora até que gosto.

Devo acrescentar que a história toda ocupou mais de 800 páginas, mas, por conselho de um jornalista amigo, decidi partir. O livro que está publicado tem mais de 300 páginas e há um segundo volume, já composto, com pouco mais de 400 páginas, mas penso reduzir. O título já está dado: O Fantasma do Padre, livro II – Orgulho e Solidão. Também tenho outro livro já escrito, que foi denominado de “Os Ditos Sábios – a verdade que o povo consagrou”, que devemos publicar agora em julho/19, elaborado em parceria com o deputado federal Roberto Pessoa. Surgiu a partir de um desafio do parlamentar, por quem tenho profunda admiração. Ele é admirador dos provérbios e os cita em quase todas falas que faz, mesmo coloquiais. Um dia ele me contou uma conversa com um grupo de técnicos sobre a transposição do São Francisco (ainda em construção). Discutiam a composição de um texto sobre o assunto quando alguém lembrou a letra da música Riacho do Navio, de autoria de Zé Dantas e Luiz Gonzaga:

Riacho do Navio
Corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar
No São Francisco
O rio São Francisco
Vai bater no mei do mar
O rio São Francisco
Vai bater no mei do mar.

Roberto pensou, conforme me disse, imediatamente que seria melhor que antes de “bater no mei do mar” água batesse nas terras secas do Ceará. Veio em seguida uma enxurrada de provérbios: “quem espera por Deus não cansa”, “uma grande caminhada começa com o primeiro passo (Lao-Tsé)”, "não devemos confiar na sorte, pois o triunfo nasce da luta” e “a união faz a força e o diálogo faz o entendimento”. Foi a senha que ele queria para fazer um trabalho sobre os ditados populares que tanto admirava. Narrou ainda que ali mesmo se prometeu que um dia iria escrever sobre o assunto. Passaram-se mais de 20 anos. Agora, o livro está pronto.

Tenho mais duas histórias em desenvolvimento: 1) E O PALHAÇO O QUE É? 2) A HISTÓRIA DE MARCOS PROPRIÁ. São nomes provisórios, que remetem ao conteúdo. Devo concluir as duas no próximo ano.

CS: Como é ser um autor fora do Eixo Rio/SP?

EdS: É um desafio percorrer o mapa de baixo para cima. Mas sou persistente e acho que se cantores e humoristas cearenses invadiram os palcos do eixo mais desenvolvido do Brasil por que não os escritores? Estou na luta.

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