Foto: Divulgação Agência Febre |
O longa 'Rio, Eu Te Amo' foi feito por várias mãos, em forma de curtas que depois foram "costurados" por Vicente Amorim, que usou tramas e personagens de ligação, para tornar histórias individuais do cotidiano e do imaginário carioca, uma única e bela história de amor a Cidade Maravilhosa.
Foto: Divulgação Agência Febre |
Antes de bancar o Jack, o estripador, e analisar pedaço por pedaço da história, vale dizer que o idealizador da produção, Joshua Skurla, buscou por pontos de vista bem variados ao escolher os diretores. Na coletiva, deixou claro que queria mostrar não o que cariocas, ou brasileiros acham da Cidade Maravilhosa, mas o que o mundo pensa e vê do Brasil também.
Por isso, Joshua Skurla não só convidou diretores nacionais e internacionais de partes do mundo diferentes, mas deixou que cada um deles pensasse qual história queria contar; para mostrar um Rio de Janeiro através dos olhos de pessoas bem diferentes, de lugares culturalmente diferenciados, assim conseguindo uma visão além dos olhos do brasileiro.
A produção e seus diretores são uma mistura perfeita de talentos nacionais e internacionais, mas não fica por ai, o elenco também usa a mesma fórmula e conta com atores veteranos e novatos de nacionalidades variadas.
Um grupo de atores que ajudaram a abranger ainda mais as visões diferenciadas sobre a cidade, como comentou Marcelo Serrado (conhecido por trabalhos na TV e recentemente por 'Crô - O Filme') durante a coletiva, o qual afirmou que além de ter improvisado muito, trocou várias ideias com o ator australiano, Ryan Kwanten (o delicioso irmão da Sookie da série vampiresca 'True Blood', Jason Stackhouse), durante as filmagens no Rio.
Ainda entre os nomes do elenco estrelar de 'Rio, Eu Te Amo', só para deixar alguns fãs de Harry Potter desesperados, estava o ator Jason Isaac, que interpretou Lucius Malfoy (e também o Capitão Gancho, em uma das a adaptação da peça/livro de J.M. Barrie, 'Peter Pan', mais fiéis para o cinema). Além dos atores Rodrigo Santoro (300, Heleno...), Wagner Moura (Tropa de Elite, Elysium...), Fernanda Montenegro (Cidade de Deus), entre outros.
O número de estrelas na produção também proporcionou uma das coletivas de imprensa mais numerosas já realizada na cidade e também proveitosas. (Leia + AQUI.)
Infelizmente, na coletiva carioca, que foi realizada no mesmo dia da cabine de imprensa e première do filme (8/setembro), o diretor coreano não esteve presente, mas Roberta Rodrigues falou do trabalho no vampiresco curta de Im Sang Soo e o que achou da ideia surreal de colocar vampiros não só nas ruas do Rio, mas subindo o morro do Vidigal (e que deixou muito crítico enfurecido).
O curta, que usou o estilo trash na produção, é claramente inspirado nas pornochanchadas (gênero cinematográfico brasileiro que surgiu na década de 1970, em São Paulo, a pornochanchada é vista como um gênero típico do Brasil; assim como a comédia americana, ou besteirol americano, por causa de elementos únicos das produções).
A história é uma referência ao Rio mais místico, cheio de histórias sobrenaturais. Não se encaixar nos limitados gêneros sempre usado pelo cinema brasileiro e, talvez, isso seja o motivo para terem feito o curta inspirado numa pornochanchada. Ou quem sabe seja o primeiro passo para uma real mudança no cinema nacional.
Roberta Rodrigues, por exemplo, além de ter feito questão de elogiar o diretor coreando, com o qual ela gostou muito de trabalhar, achou a ideia fantástica e afirmou que foi um trabalho onde se divertido muito.
No entanto, comentou que estava preocupada com uma das cenas no curta. Ela confessou na coletiva que ficou muito apreensiva em relação ao resultado na telona da cenas de sexo que protagonizou, mas que no fim, ficou melhor do que esperava.
Também brincou que até guardou os dentes de vampiros, feitos sob medida para cada ator por dentista especializado em próteses, e que espera uma festa a fantasia para tornar a usá-los. "Da até para comer com eles," observou empolgada.
A famosa ex-integrante do grupo teatral Nós do Morro, também comentou que achou muito legal a ideia do diretor, já que não há produções com o tema fantástico no cinema do Brasil.
Foto: Louise Duarte |
#RoteiristaNãoPraticante
Desde a coletiva de 'Rio, Eu Te Amo', eu tenho que dizer que o comentário de Roberta Rodrigues não me saiu da cabeça. Ela me fez lembrar que produções brasileiras do gênero sobrenatural fantástico, estão fazendo cada vez mais falta por aqui. E o mais curioso é que os cineastas e autores gringos conseguem ver isso e também o potencial no Brasil para o sobrenatural, enquanto o cinema brasileiro se limita a poucos gêneros. Produzindo filmes nos mesmos padrões e com as mesmas histórias batidas, reclamando e criticando as mesmas coisas, ano após ano. Enquanto o brasileiro em geral, lota as salas de cinema para ver produções fantásticas e/ou sobrenaturais estrangeiras, por falta de opção nacional.
Claro que minha mente de roteirista, mesmo que não praticante, não parou de funcionar, pensando na ideia surreal de Im Sang Soo. Ideia que me surpreendeu ao ser incluída no longa. Isso porque o curto do diretor coreano para o filme 'Rio, Eu Te Amo' foge aos padrões do cinema nacional e dos outros curtas da produção. Não é crítica social, também não é um drama existencialista... e talvez por isso, tenham usado a única referência de cinema nacional que tinham, "as muito trash pornochanchadas". (Que deram origem ao atual estilo de comédia de humor negro e conteúdo sexual exageirado feito no Brasil, iniciado na década de 1980, com filmes do tipo 'As 7 Vampiras', de 1986, que mesmo não sendo lá uma das melhores referências, é uma produção que claramente se inspira nas pornochanchadas, com direção de Ivan Cardoso, tem participação da banda 'João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, que tinha Leo James como vocalista.)
Em relação a filmes de conteúdo sobrenaturais nacionais, o pessoal reclama do estilo trash, mas as únicas referências válidas, são dos filmes com o personagem Zé do Caixão. Então não entendo a reclamação.
No entanto, há tantos gêneros e estilos que podemos adaptar para os padrões brasileiros, para criar filmes fantásticos, ou seja, sem o uso de alta tecnologia (que precisaria de um orçamento hollywoodiano). Basta uma pesquisa, ou então uma parceria do tipo feita para produzir o filme 'Nosso Lar', que foi finalizado no Canadá.
Realmente é uma pena não investirem em gêneros do cinema fantástico, que vale repetir, tem um grande número de fãs por aqui. Além de levar muitos brasileiros aos cinemas todos os anos.
Quem curte literatura fantástica, sabe da ascensão da LitFan Nacional nos últimos anos, com destaque para autores como André Vianco, Giulia Moon, Nazarethe Fonseca, Vivianne Fair, Raphael Draccon, Eduardo Spohr, Renata Ventura, entre outros talentos.
Claro que alguns autores criaram mundos mais "tecnologicamente sobrenaturais" que outros, mas nada que uma boa equipe de produção não resolva. No entanto, precisaria de ajuda de fora, como diretores que saibam trabalhar em produções do cinema fantástico e, principalmente, fotógrafos especialista no gênero, já que não temos anda do tipo aqui no Brasil, para sair do trash.
Foto: Louise Duarte |
Aproveitando a animação do representante da RioFilme na coletiva de 'Rio, Eu Te Amo', Sérgio Sá Leitão, animado com a divulgação da cidade através do cinema, ouso dizer que só aqui no Rio poderiam promover alguns filmes interessantes de conteúdo sobrenatural para o cinema fantástico. E só se inspirado em histórias e personagens de autores nacionais da nossa atual literatura, pois vale lembrar que autores estrangeiros, como Anne Rice (que fechou com a Universal Pictures parceria para produção de filmes inspirados em suas histórias sobrenaturais) é tão fã do Rio que tem até menção da cidade em suas 'Crônicas Vampirescas'.
Falando dos nacionais, um bom exemplo é a vampira Kaori de Giulia Moon, que muito antes do diretor Im Sang Soo levar os vampiros para as ruas do Rio, já tinha feito sua vampira "desfilar pelo calçadão" e conhecer a vida noturna carioca, mesmo sendo a personagem oficialmente moradora da capital paulista, já que a autora é de São Paulo.
Eu mesma sou tão apaixonada por vampiros e pelo Copacabana Palace, que tenho que confessar que pedi ajuda a autora Nazarethe Fonseca, para conseguir uma Entrevista Com o Rei dos Vampiros, Ariel Simon, da série vampiresca nacional 'Alma e Sangue'. Eu tive a honra de fazer uma entrevista exclusiva com ele e ainda sonho com o seu retorno a cidade... quem sabe no escurinho do cinema? Afinal a série 'Alma e Sangue' já saiu das páginas do livro e ganhou uma websérie.
Mesmo que alguns críticos não tenham entendido e/ou odiado a ideia do diretor coreano (eu mesma preferia que fosse menos pornochanchada), acredito que foi no mínimo vanguardista para o cinema nacional. Uma real mudança de ares, que talvez incentive produções estrangeiras e quem sabe assim, finalmente, traga mudanças ao nosso cinema tão limitado. Porque o público brasileiro não é o vilão, quando o assunto é prestigiar o cinema feito por brasileiros, estamos lá se o filme é bom. A verdade é simples, quem não curte os poucos gêneros que são produzidos no Brasil, vai procurar em outro lugar.
Eu adoro produções fantásticas e muito antes de 'Harry Potter' e 'Crepúsculo' torná-las moda, mas eu curto histórias mais adultas. Gosto de 'Drácula' de Bram Stoker, 'Crônicas Vampirescas' de Anne Rice, 'O Retrato de Dorian Gray' de Oscar Wilde e as séries vampirescas nacionais de 'Kaori' da Giulia Moon e 'Alma e Sangue' de Nazarethe Fonseca. Porém não tenho nada contra as histórias com criança e/ou adolescentes protagonistas, assim como outras do tipo "censura livre". Tanto que adoro as séries da autora e desenhista Vivianne Fair, sobre uma caçadora de vampiros nada convencional e o vampiro mais sacana que existe (passaria por carioca tranquilo, até o imagino andando pela Lapa), que é uma comédia de censura livre... que com certeza daria uma bela franquia cinematográfica, com filmes, animações e quadrinhos.
Será que ninguém do cinema nacional (tirando a tecnóloga aqui e roteirista não praticante) notou que o brasileiro adora uma história sobrenatural?
Porque podem dizer o que quiserem, mas "filme bom" que só meia dúzia de pessoa vê e/ou entende, não adianta a crítica elogiar. Filme tem que ser bem feito, com um roteiro bem escrito, bem produzido (em relação a como filmá-lo e editá-lo, pois tem que ser de acordo com a proposta da produção) e que funcione. E um filme só funciona se tiver um público alvo e que esse entenda a história. Isso não é orçamento gigante que define ou uma crítica feliz, é o dinheiro do faturamento nas bilheterias. (Nisso eu concordo totalmente com o Michael Bay. Pronto, falei!)
****Se uma futura produção de 'Cardiff, Eu Te Amo' precisar de colaboração de uma turista brasileira louca e apaixonada por Cardiff, em uma história sobre uma fã alucinada de 'Torchwood' e 'Doctor Who' solta pela ruas da cidade galesa, é só pagar minha passagem de ida e volta do Reino Unido, estadia e alimentação, que trabalho de graça! E ainda ajudo com relatos reais de outros fãs que estiveram por lá, se o roteirista precisar. (*Sorriso Joker*) Antes de fazer faculdade de cinema, fiz teatro, onde descobri que gosto mesmo é dos bastidores, mas por Cardiff faço um sacrifício.
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