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Literatura Fantástica nas ondas do rádio
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Conto VI
Ele nem se lembrava mais há quantos anos estava preso. Há quantos anos aquela cela escura e minúscula era o seu “lar”. Ele só sabia que era muito tempo. Mas, não se importava. Na verdade, ele preferia estar ali, naquele cubículo apertado e sombrio, onde nem um mero raio de sol conseguia penetrar. Era uma punição adequada para uma vida inteira de assassinatos. Uma vida inteira de mortes. Uma vida que, agora, ele procurava compensar com a reclusão. O total isolamento da sociedade. O esquecimento. Depois de tirar a vida de tantas pessoas ao longo dos anos, ele finalmente decidiu se entregar.
Por ter confessado e se entregado voluntariamente, ele pegou a pena máxima infligida a um condenado à exceção da morte. Afinal, morrer não seria o suficiente para expiar todos os seus pecados. Nem poderia. Ele preferia ficar “eternamente encarcerado”. No entanto, devido ao seu bom comportamento, sua pena foi diminuída e, um dia, ela terminou. Ou, pelo menos, eles decidiram que terminara.
Após tanto tempo e mesmo contra a sua vontade, ele estava livre. Livre para deixar as paredes de seu cárcere. Mas, não livre de sua culpa, do enorme peso em sua consciência. No entanto, ele estava livre. E, com a liberdade, o desejo retornou. A tão conhecida e, por tanto tempo ignorada, ânsia de matar. De voltar a matar. De continuar a matar. O irresistível desejo de tirar a vida. Por mais que ele quisesse negar, matar era algo que estava em seu sangue. Por mais que lutasse contra isso, era mais forte do que ele. Ele precisava matar. Ele achou que pudesse reprimir esse desejo no mais profundo íntimo de seu ser. Ele pensou que poderia vencê-lo, encerrando-o entre quatro paredes, onde a tentação não poderia jamais alcançá-lo. Mas, ele estava enganado. Desde o início. Esta era a sua natureza. E não havia como lutar contra ela. Por mais que ele quisesse. Por mais que ele tentasse. Afinal de contas, ele era um vampiro. E esse era o seu destino.
Eduardo Alves é um apaixonado pelo Universo dos quadrinhos, assim como por filmes e séries que abordam o tema sobrenatural, como também os gêneros de ficção científica, fantasia e terror. Além de gostar muito da literatura policial. Fez parte da equipe do Jornal Gazeta Estudantil e do Gazeta Pauferrense. Como cartunista, Eduardo publicou trabalhos nos fanzines Gama do Rio Grande do Norte e Manicomics do Rio de Janeiro, bem como na edição 155 de Superaventuras Marvel da Editora Abril. Atualmente é colabora do programa 'Contos Sobrenaturais' da Digital Rio, sendo que terá mais contos postados no blog, assim como um audioconto indo ao ar hoje. Eduardo Alves também colabora como do site Sertão Rock, com a coluna 'Nada V'.
Se quiser saber um pouco mais sobre Eduardo Alves, passe no site do Sertão Rock e deixe um recado.
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