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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

ENTREVISTA COM AUTORES DE 'VAMPIROS': Fred Furtado

Na lista de contistas do livro 'VAMPIROS' da AVEC Editora, Fred Furtado é um dos talentos da literatura fantástica brasileira que participa da publicação, o qual cedeu uma entrevista exclusiva ao Contos Sobrenaturais falando do trabalho.


Fred Furtado é PhD em Biologia, jornalista científico, ex-editor e apresentador do podcast da revista Ciência Hoje, o Estúdio CH, entusiasta de RPG, fã de quadrinhos e nerd de carteirinha que percebeu que uma das coisas que mais gosta é contar histórias. Depois de muitos anos confinando sua criatividade aos seus amigos, ele decidiu tentar a sorte como escritor.

O autor publicou dois contos, 'Choices e Webs of Magic', uma aventura de RPG, e 'The Sorcerer of Volupa', para o jogo Honor + Intrigue; ambos escritos em inglês.

Na 'Coleção Sobrenatural: Vampiros' da AVEC, Fred Furtado participa com o conto "Sangue e Poeira", que trata-se da primeira publicação em língua portuguesa.


ENTREVISTA


CONTOS SOBRENATURAIS: Como se envolveu no projeto 'Coleção Sobrenatural: VAMPIROS' e que tipo de história decidiu contar neste primeiro volume?

FRED FURTADO: Fui convidado pelo Artur Vecchi. Ele sabia que eu escrevia literatura fantástica e perguntou se eu estava interessado. Além de ser uma chance de trabalhar com o tema vampiros, que eu só havia abordado em um projeto antigo de RPG, era também uma oportunidade de publicar por meio de uma editora que tem uma estrutura mais tradicional. Meus outros dois contos desse gênero estão no Kindle Market pela Z Edições, que é um selo mais voltado para edições virtuais.
Como a proposta da coleção eram vampiros monstruosos, enveredei por essa seara. Fui inspirado por um documentário do cineasta norte-americano Ken Burns sobre o dust bowl, um desastre climático que afetou o Meio Oeste dos Estados Unidos nas décadas de 1920 e 30. Minha esposa sugeriu que eu usasse algo similar como pano de fundo da minha história, o que veio bem a calhar, porque uma das histórias de vampiro mais interessantes que li é 'Eu sou a lenda', do escritor norte-americano Richard Matheson. Com esses elementos na cabeça, não foi difícil pensar numa história sobre mortes misteriosas que aterrorizam um cidade do interior do Brasil assolada por nuvens gigantes de poeira.


CS: Quando o assunto é literatura fantástica, a crítica nacional muitas vezes pega mais pesados com os autores, nem sempre com razão, em especial com os brasileiros. Seria falta de uma crítica mais especializada (como ocorre por exemplo no cinema fantástico), ou pode ser puro preconceito? Qual sua opinião a respeito?

FF: Não tenho muita experiência com o mercado editorial ou com a crítica nacionais, mas acho que pode haver, sim, um certo viés na hora de analisar histórias de literatura fantástica. Isso pode ser devido a uma falta de volume desse gênero no mercado brasileiro ou mesmo a uma ausência de tradição na escrita fantástica. Os escritores brasileiros parecem mais focados no realismo. Quando ainda estava na faculdade, peguei uma eletiva de literatura criativa que era, basicamente, uma oficina literária. Me recordo de que entre os cinco ou seis participantes, eu era o único que introduzia elementos fantásticos nos vários exercícios. Meus colegas sempre criavam narrativas muito calcadas na realidade cotidiana. Era tão marcante que a professora que coordenava a oficina ressaltou isso em um dos seus comentários, que os outros participantes deveriam tentar explorar mais o fantástico.


CS: Acha que, mesmo que os brasileiros gostem e muito de histórias fantásticas, especialmente de conteúdo sobrenatural, que a crítica é uma das culpadas da falta de divulgação dos trabalhos nacionais (ao ponto de muitos acharem que não existe literatura fantástica brasileira)?

FF: Não sei se é uma questão só da crítica. Acho que talvez as editoras, com exceção das especializadas, não acreditem muito em ficção científica, fantasia e horror. Assim, não apostam nesse tipo de história e, consequentemente, não vemos muita sobras de literatura fantástica.


CS: Como autor(a) fale um pouco sobre o seu trabalho, tipo de universo ficcional e criação de personagens que mais te interessa da literatura fantástica. Tem um gênero (ação, fantasia, terror...) e/ou conteúdo extra (sobrenatural, erótico...) favorito quando escreve um texto de literatura fantástica?

FF: Como leitor, gosto muito de ficção científica e fantasia (um pouco menos de horror), mas descobri que na hora de escrever, pelo menos por enquanto, prefiro contar histórias de pessoas comuns em situações mundanas que se veem subitamente expostas ao sobrenatural. Nesse caso, sobrenatural pode ser tanto de origem mística quanto tecnológica.


CS: Escreve histórias fora da literatura fantástica? Caso a resposta seja sim, pode falar um pouco sobre que tipo e se já tem algo publicado?

FF: Escrevi um conto que está no meu blog, O sono da razão, que, em princípio, pode ser lido como uma história sem características fantásticas, embora o tema seja medo. Originalmente, era para ser um conto de horror, mas percebi que ela funcionava sem esse final fantástico, que se tornou opcional.mas tem um final opcional de horror. Fora isso, escrevi alguns produtos para RPG, mas eles lidam com super-heróis e feiticeiros. Trabalhei muito tempo como jornalista científico, então é fácil encontrar reportagens minhas na internet, especialmente no site da Ciência Hoje, mas escrevi também pro SciDev.net, ScientifiAmerican.com e outros veículos. Ah, tenho um artigo científico também, mas acho que isso não vai interessar a ninguém.


CS: Já pensou em ter algum de seus personagens no cinema? Qual ou quais, de qual de suas histórias?

FF: Já. Sempre achei que o Choices, meu primeiro conto, daria um bom filme. Minha mulher roteirizou 'O sono da razão', que mencionei acima, para uma possível animação. E tenho na cabeça um personagem para uma série de livros que acho que ficaria bom numa adaptação para a TV ou cinema.


Visite o Blog do autor: https://patchlord.wordpress.com/


Entrevista: Anny Lucard

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